Projetos

  • Nas franjas do progresso. Efeitos socioambientais da produção canavieira nos estados de Alagoas e São Paulo (2021 – 2023)

Responsáveis: Rodrigo Constante Martins e Wendell Ficher

Resumo: O objetivo deste projeto é investigar os efeitos socioambientais da produção canavieira em duas das principais regiões de atuação do setor sucroalcooleiro nos Estados de Alagoas e São Paulo: a zona da mata alagoana (região leste) e a região administração de Ribeirão Preto (região centro-leste). As regiões destacam-se enquanto espaços significativamente apropriados e transformados pela lógica do setor e possuem algumas características comuns, produto do contexto econômico aproximado, bem como particularidades que expressam o modo como capital e trabalho organizam-se no território. Observaremos, sobretudo, as consequências dos efeitos socioambientais produzidos pelo agronegócio canavieiro para a saúde, relações e reprodução social dos camponeses e trabalhadores assalariados rurais, atentando, também, para a questão de gênero. Ademais, investigaremos a atuação do Estado no que tange aos resultados para a população que trabalha/vive no campo das recentes reformas (Trabalhista e Previdenciária) e alterações em políticas públicas. A pesquisa se articula em torno de três eixos: a) as transformações na estrutura agrária e suas consequências para a reprodução social camponesa; b) as transformações na dinâmica de realização do trabalho assalariado rural; e, c) as consequências ambientais da produção sucroalcooleira, impactando sobre a vida de camponeses, assalariados e da sociedade mais ampla. Elegemos para essa pesquisa a metodologia qualitativa, complementada com a análise de dados secundários de diferentes agências de informação e instituições de gestão (IBGE, IPEA, DIEESE, Secretarias de Meio Ambiente, Comitês de Bacias Hidrográficas, entre outras).

Financiamento: FAPESP e FAPEAL

Plano de gestão de dados

  • Forest citizenship for disaster resilience: learning from COVID-19 (2022 – atual) 

Responsáveis: Rodrigo Constante Martins, Luke Parry e Pether Newton

Resumo: This project uses Brasilian Amazonia as an arena to examine how marginalized people, disproportionately affected by COVID-19, are using citizenship to mitigate the pandemic’s negative societal effects. The project aims (1) quantify linkages between forest citizenship and COVID-19 resilience; (2) understand practices of forest citizenship in relation to COVID-19 experiences; and (3) understand and disseminate learning on conditions for promoting forest citizenship and enhancing disaster resilience across Amazonia.

Financiamento: FAPESP (Brasil), ESRC (Reino Unido) e NSF (Estados Unidos)

  • Sociedade rural e governança das águas na França: diálogos com a experiência brasileira (2019-2020)

Responsável: Rodrigo Constante Martins

Resumo: Este projeto tem como objetivo discutir a gênese social da crença na eficácia do discurso econômico nas instâncias descentralizadas de governança ambiental em áreas rurais. O projeto propõe a problematização da hipótese de que a consolidação da questão ambiental na agenda político-social contemporânea está intimamente relacionada com o potencial de nominação que a teoria da utilidade marginal desenvolveu no curso do século XX. Para tanto, empreenderá esforços de investigação bibliográfica e documental sobre os atos de nominação econômica da questão ambiental em contextos de ruralidade a partir da experiência da gestão descentralizada e participativa das águas nos territórios rurais da França – experiência internacionalmente reconhecida e, no Brasil, adotada como referência no debate sobre valoração econômica dos recursos hídricos.

Financiamento FAPESP

  • Sociologia da governança das águas em contextos de ruralidade (2017-atual)

Responsável: Rodrigo Constante Martins

Resumo: O projeto investiga os arranjos de governança das águas em contextos de ruralidade, articulando os conflitos agrários à temática ambiental. Objetiva a compreensão interpretativa das formas como as lideranças da agricultura paulista vem construindo a representação do setor nas instâncias de governança participativa das águas no estado – notadamente o Conselho Estadual de Recursos Hídricos e os Comitês de Bacias Hidrográficas. Busca lançar novas luzes sobre a chamada “crise hídrica” a partir das práticas de experimentação econômica da questão ambiental, tentando compreender como os enunciados mercantis atuam simultaneamente como realidade descritiva e prescritiva no moderno debate socioambiental, atendendo a certos regimes de justificação de práticas.

Financiamento CNPq
  • Agricultura, política e meio ambiente: estudo sobre a governança das águas em contextos de ruralidade (2013-2015)

Responsável: Rodrigo Constante Martins

Resumo: O objetivo geral deste projeto é compreender interpretativamente a reprodução das formas de nominação econômica da temática ambiental no interior das instâncias paulistas de governança das águas – notadamente os Comitês de Bacias Hidrográficas. Mais especificamente, pretende: a) identificar o discurso setorial das lideranças do setor agrícola na gestão participativa das águas no estado de São Paulo; b) identificar os instrumentos de descrição econômica da gestão das águas no discurso desta representação setorial, delineando seu potencial prescritivo para a gestão ambiental, e; c) identificar a eficácia simbólica dos enunciados econômicos da temática ambiental no interior do Conselho Estadual de Recursos Hídricos, enfatizando a posição dos representantes da agricultura estadual neste Conselho ante a produção/reprodução destes enunciados.

Financiamento: CNPq

  • “Eram as mulheres que sustentavam eles aqui”: alicerces da luta pela terra em Alagoas (2023- atual)

Responsável: Andréa Maria Leite Albuquerque
Orientação: Profa. Dra. Marilda Aparecida de Menezes

Resumo: Muito tem sido escrito sobre a participação das mulheres nos movimentos de luta pela terra, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT), não havendo dúvidas sobre o aumento do número de mulheres nos cargos de liderança desses movimentos. A partir de entrevistas realizadas no projeto de pesquisa “Nas franjas do progresso. Efeitos socioambientais da produção canavieira nos estados de Alagoas e São Paulo”, em 2021 e 2022, com homens e mulheres dos movimentos de luta pela terra em Alagoas, uma nova perspectiva foi apresentada: mulheres como responsáveis pela sustentação das ocupações em seus estágios iniciais. Foram vários os relatos sobre como as mulheres sustentavam os acampamentos em seus primeiros meses e estavam à frente nos momentos de conflito com a polícia. Assim, partindo da hipótese de que as mulheres desempenham um papel essencial nos estágios iniciais da luta pela terra e o perdem após sua conquista, a pesquisa a ser realizada pretende analisar o papel das mulheres no início das ocupações, investigando se há um efetivo exercício da função de mantenedoras do acampamento e de linha de frente nos conflitos e, caso confirmada a hipótese, se essa participação permanece de forma ativa após a conquista da terra e por qual motivo. Como metodologia, de abordagem inteiramente qualitativa, serão utilizadas pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, com a realização de entrevistas em profundidade, histórias de vida, observação participante, produção de diário de campo e registros fotográficos.

  • Novas configurações sociais e identidades políticas no Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Alagoas (2021 – atual)

Responsável: Weldja Marques da Silva Lima

Resumo: A partir de visitas a acampamentos e assentamentos da reforma agrária, da observação do cotidiano e, sobretudo, do diálogo com camponeses que reivindicam direitos através de movimentos sociais de luta pela terra em Alagoas, este projeto propõe uma pesquisa que busca descrever e analisar os processos sócio-históricos que conduziram o MST à sua atual configuração organizativa em Alagoas e compreender como os recentes investimentos identitários e outras estratégias políticas do movimento vêm sendo desenvolvidos. Refiro-me à percepção do próprio movimento de que é cada vez mais importante aglutinar esforços e coletivos heterogêneos tais como: “setores da cultura”, movimento feminista, movimento LGBT, movimento negro, a “educação popular” e o trabalho de base nas cidades. Para alcançar os objetivos da presente proposta, privilegiaremos uma abordagem qualitativa, com ênfase na realização de entrevistas, de observação participante e na análise documental.

Financiamento: CAPES

  • Desvendando as fuligens: Um estudo sobre a trajetória social das queimadas nos canaviais paulistas(2019 – atual)

Responsável: Ana Carina Sabadin

Resumo: Em vias de percorrer os conflitos ainda em suspenso na realidade canavieira paulista, a pesquisa em tela objetiva interpretar a trajetória social das queimadas, considerando as aproximações e os distanciamentos entre os interesses e as estratégias assumidas por representantes do poder público, da agricultura e da agroindústria canavieiras e de sindicatos rurais e patronais a partir da proposta de eliminação gradativa das queimadas, firmada em 2007: o Protocolo Agroambiental Paulista. Tomamos como hipótese de que as dinâmicas estabelecidas entre eles produzem uma narrativa pautada no apagamento do debate das queimadas no estado, sem que haja um apagamento concreto das chamas nos canaviais. A investigação afunila-se na região administrativa de Ribeirão Preto, elencada como realidade empírica para acompanharmos, na prática, esse oscilar. Do ponto de vista metodológico, partimos de uma abordagem qualitativa, apoiada na pesquisa bibliográfica e documental, na realização de entrevistas semi-estruturadas, bem como do levantamento de dados secundários  numéricos e a análise de material audiovisual. 

Financiamento: CAPES

  • O valor dos alimentos na agricultura familiar: entre a produção e o consumo (2018-atual)
Responsável: Camila Benjamin Vieira

Resumo: As descrições encontradas na literatura brasileira sobre como as populações rurais se organizaram para obter comida, e assim seus modos de vida, mostravam uma dieta com base na economia de subsistência, que correspondia ao cultivado, coleta e caça. Essa dieta se modificou com o avanço da agroindustrialização e todos os campos que ela mobiliza, ganhando atenção dos pesquisadores que se debruçam sobre suas  esistências e modificações. Muito se tem evidenciado sobre a reemergência de produtos “da terra” e da produção para o autoconsumo como estratégia de segurança alimentar e reprodução familiar. É nesse contexto que se desenvolve a pesquisa aqui apresentada, que tem o objetivo de analisar sociologicamente como agricultores familiares se posicionam diante das categorias “valor” e alimentação. Esse “valor” corresponde a uma ferramenta analítica de como os agricultores fazem suas escolhas alimentares na interação entre a produção e o consumo. Para isso, baseia-se na sociologia reflexiva, somada à sociologia da alimentação e à sociologia rural. A pesquisa está sendo desenvolvida em três cidades do Vale do Paraíba Paulista por meio de revisão bibliográfica, observação etnográfica, entrevistas semiestruturadas e consultas a banco de dados secundários.

Financiamento: CAPES

  • COLONOS, COCALEROS, COMUNIDAD NEGRA: identidades campesinas en el Magdalena Medio (2018 – atual)

Responsável: Claudia Quijano Mejia

Resumo: Nas duas últimas décadas, parte da agenda das mobilizações camponesas se centraram na exigência do reconhecimento do campesinato como sujeito de direitos. Especificamente, o direito ao território, a formas de governo próprias e a consulta prévia. A partir da Constituição Nacional de 1991, o acesso aos direitos territoriais ficou marcado por uma classificação étnica da população rural, de tal modo que as comunidades indígenas e negras tiveram garantidos seus direitos territoriais, enquanto que os camponeses – sem pertencimento étnico – foram excluídos de tal reconhecimento. Assim, a exigência ao Estado se centrou no reconhecimento da identidade camponesa e, portanto, ao acesso aos direitos territoriais decorrentes. O objetivo central desta tese é compreender a construção e mobilização das identidades camponesas em duas veredas dos municípios de San Pablo e Yondó, na região do Magdalena Médio. A vereda é a subdivisão territorial da área rural de um município na Colômbia e se constitui no espaço concreto em que se desenvolvem as interações e relações entre os povoadores do setor rural. Neste estudo, a vereda se erige como a unidade privilegiada para a aproximação ao problema de pesquisa. Esta tese argumenta que a população rural do Magdalena Médio mobiliza a categoria camponês e outras (colonos, cocaleros, mineiros artesanais, negritudes, mulheres rurais, comunidade rural), na medida em que estas possibilitam o acesso e a exigibilidade de seus direitos, brindam legitimidade a suas demandas e permitem a interlocução com o Estado (suas instituições e seus funcionários). Em um horizonte mais amplo postulo que, enquanto os povoadores rurais e suas organizações tendem a ampliar a categoria camponês para poder incluir a diversidade do mundo rural do qual fazem parte, o Estado tende a definir, estreitar, delimitar este grupo social como uma única possibilidade para regular esta população e os territórios que ocupam. Este estudo se desenvolve através de uma metodologia qualitativa, fazendo uso da observação participante, entrevistas semiestruturadas e revisão documental.

Financiamento: CAPES

  • Ruralidades contemporâneas: identidade, cultura e formas de produção nos assentamentos de Mato Grosso do Sul (2018 – 2021)

Responsável: Jeanne Mariel Brito de Moura Maciel

Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo analisar como se caracteriza na atualidade o espaço rural do Mato Grosso Sul, apontando para a história de vida da população dos assentamentos, e das fazendas de seu entorno, em termos econômicos, social, cultural e na relação homem-natureza. A pesquisa terá duração de três anos, 2018-2021, e ocorrerá nos municípios em que o curso de Licenciatura em Educação do Campo da UFGD possui estudantes, dentre os quais se destacam Ponta Porã, Nioaque e Corumbá. Sabendo-se que o Mato Grosso do Sul possui uma população de aproximadamente 351.625 pessoas que habita no campo – no censo de 2010 do IBGE -, e que também possui 27.764 famílias assentadas distribuídas em 204 assentamentos espalhados pelo estado (INCRA, 2017), cada vez mais se faz necessário compreender como esta população vive e atualiza suas trajetórias. Assim, proponho aqui esmiuçar como se configura o rural em uma região de fronteira, com os seus tensionamentos, mudanças e permanências. Isso porque, após décadas de criação do estado e de expansão das atividades do agronegócio em seu território, cabe agora chegar o ficou ou não ficou em seu meio rural, ou seja: como se atualiza a identidade dos moradores do campo? Quais as implicações das peculiaridades de uma região de fronteira – tanto em termos de lugar, como de atividades agrícolas – na vida dos assentados? Como ocorre a integração social dentro dos assentamentos formados por pessoas de diferentes cidades do Mato Grosso do Sul, de outros estados e de outro país, como o Paraguai? Quais as tensões e conflitos atuais? Qual o futuro dos lotes e da juventude rural? O que é o rural no Mato Grosso do Sul, e em que medida poder-se-ia criar modelos de comparação com outras regiões do país? Essas são questões que esse projeto de pesquisa se propõe a investigar. Em termos metodológicos, a condução da pesquisa será feita de forma qualitativa com a utilização de entrevistas semiestruturadas, observação e análise de documentos junto aos assentados alvo deste trabalho.

  • Rearranjos territoriais e identitários a partir do planejamento da construção da usina hidrelétrica UHE Castanheira no município de Juara/MT (2016 – atual)

Responsável: Agilson Poquiviqui

Resumo: Este projeto tem como objetivo geral compreender os rearranjos territoriais e identitários acerca dos modos de vida dos agentes sociais atingidos pela construção da Usina Hidrelétrica (UHE) Castanheira localizada no município de Juara, Mato Grosso. Configuram-se como objetivos específicos: a) Mapear os espaços e as relações sociais dos agentes sociais atingidos pela construção da Usina Hidrelétrica (UHC) Castanheira, no município de Juara, Mato Grosso. b) identificar quais os impactos identitários e territoriais sofridos pelos povos indígenas Munduruku, pescadores e ribeirinhos; c) Analisar a participação dos atingidos nas diferentes etapas do processo de construção da Usina Hidrelétrica (UHC) Castanheira no município de Juara/MT; d) Levantar, junto aos órgãos públicos, no caso a Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA), as políticas públicas relacionadas aos impactos socioambientais sofridos pelos agentes sociais atingidos. A efetivação deste empreendimento na região pode direta ou indiretamente afetar e/ou atingir os pescadores, ribeirinhos e etnias indígenas da região do Vale do Arinos. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa social qualitativa, já que abordaremos os problemas socioambientais nas relações dos referidos agentes sociais, com princípios de delineamento de estudo de caso, com enfoque na história de vida.

Financiamento:  Doutorado – Fapemat

  • A linha difusa entre técnica e política: Interdependências na gestão de recursos hídricos no Brasil (2016- atual)

Responsável: Raiza Campregher

Resumo: A década de 1990 foi marcada por transformações significativas na gestão nacional dos recursos hídricos, a partir da instituição de um modelo de governança das águas. Tais transformações ocorreram, em parte, pela atuação de um grupo profissional, detentor de conhecimento técnico e altamente especializado, organizado através da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH). A pesquisa em tela tem como objetivo o estudo da atuação desta associação junto à gestão de recursos hídricos, por meio da reconstrução do seu histórico nessa gestão, para assim compreender as interdependências no contexto das disputas em torno das questões hídricas no Brasil. Levanta-se duas hipóteses: de que a ABRH teve papel fundamental na inscrição da questão hídrica na agenda política do país, e; de que esta associação se constituiu em agente estratégico na produção da verdade sobre a situação hídrica nacional. Desta forma, a ABRH participaria tanto de um processo de politização da gestão dos recursos hídricos, como de um processo de cientifização da política, mediante suas estratégicas de inserção e atuação na governança das águas. A metodologia de pesquisa consiste na pesquisa documental e bibliográfica, assim como em entrevistas qualitativas semiestruturadas.

Financiamento: CAPES – Doutorado

  • Ruralidade contemporânea, conflitos socioambientais e desenvolvimento rural em questão: o caso do bairro rural Demétria e seu entorno no município de Botucatu sob as luzes da sociologia das justificações (2016-atual)

Responsável: Priscila Silveira de Oliveira

Resumo: O objetivo geral deste projeto consiste em discutir visões, controvérsias e conflitos em torno da participação social e do desenvolvimento rural em nível local do bairro rural Demétria e de seu entorno, localizado a 15 km do centro do município de Botucatu no Estado de São Paulo. Originado em 1980 a partir da instalação da Estância Demétria de agricultura biodinâmica ,o que consolidou as bases para o estabelecimento de diversas iniciativas no bairro, nele concentram-se OSCIPs, associações e escolas com forte ligação com a preservação ambiental. Por outro lado, essa região assiste a expansão de cadeias produtivas de grandes monoculturas com intensivo uso de agroquímicos (principalmente cana-de-açúcar) e a pressões do mercado imobiliário relacionada às amenidades ambientais desse bairro. Essas realidades paralelas têm provocado interesses conflitantes. Nesse sentido, serão realizadas entrevistas com o objetivo de evidenciar o discurso de diferentes atores acerca de dimensões norteadoras do processo de desenvolvimento rural: as relações rural-urbano, a preservação dos recursos naturais e as técnicas de produção privilegiadas, o grau de reconhecimento da multifuncionalidade da agricultura, a ressignificação dos espaços rurais e a rede de relações entre atores coletivos vinculada a institucionalização de novas arenas de governança territorial descentralizada e participativa. Os entrevistados serão moradores do bairro Demétria e do entorno, bem como diferentes representantes de instâncias de governança de Botucatu, como o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e representantes da expansão canavieira no entorno, como membros da  Fazenda Schincariol. Além das entrevistas, serão examinados diferentes planos que servem de instrumento para políticas de gestão territorial como o Plano municipal de desenvolvimento rural sustentável . As entrevistas e os Planos serão analisados à  luz da sociologia das justificações de modo a tornar claro a pluralidade de pontos de apoio normativos sobre os quais os atores elaboram argumentos em defesa de suas posições. Fundada na identificação dos princípios e justificativas de mundo justo mobilizados pelas críticas e justificações de atores envolvidos num conflito, torna-se pertinente, nesse caso, diante do desenvolvimento rural em questão vinculado a crescente emergência de alternativas ao modelo produtivista e mercantil na agricultura, aos debates em torno da agricultura familiar, novas ruralidades e embates territoriais nas instâncias descentralizadas associadas a gestão de recursos naturais e agricultura.

  • Das ausências às expressões: Uma análise dos recursos de poder na construção do Protocolo Agroambiental (2015-2017)

Responsável: Ana Carina Sabadin

Resumo: A chamada questão ambiental tem constituído foco de preocupações de diversos grupos, classes e setores sociais, bem como se colocado como ferramenta de justificação de políticas públicas em âmbito nacional e internacional, evidenciando a excessiva exploração dos recursos naturais. Em vista disso, tem-se o Protocolo Agroambiental, firmado no estado de São Paulo, como um exemplo de regulamentação socioambiental que visa, sobretudo, implementar um “planejamento sustentável” à expansão do setor sucroalcooleiro por meio de um pacto de livre adesão, permeado por propostas de redução dos impactos ambientais causados por esse setor. Isto posto, ao se compreender que a adesão a esse Protocolo implica transformações substanciais tanto para o setor sucroalcooleiro quanto para o meio ambiente e para a sociedade civil, admite-se a existência de um debate em torno dessa problemática que parte de interesses distintos e não necessariamente incorporados na construção desse arranjo. Nesse sentido, o presente projeto tem como objetivo, interpretar tal construção, no sentido de analisar os recursos de poder nela implicados, a fim de situar as expressões e/ou ausências dos setores, grupos e classes sociais diretamente interessados na assinatura do Protocolo Agroambiental. Destarte, para a realização da pesquisa, utilizar-se-á uma abordagem qualitativa de pesquisa social, partindo da pesquisa bibliográfica e da análise de documentos, além da entrevista semiestruturada.

Financiamento: CNPq – Mestrado

  • Disputas e hierarquias na construção da questão ambiental em assentamentos de reforma agrária (2014 – 2018)

Responsável: Alexsandro Elias Arbarotti

Resumo: A proposta desse projeto é investigar como a questão ambiental interfere nas disputas e hierarquias estabelecidas no cotidiano dos assentamentos de reforma agrária. Esses elementos, de disputas e hierarquias, vistos a partir do acesso ou não de alguns sujeitos, dentro do seu lote, a recursos naturais como água do rio e área de reserva ambiental. Utilizando como instrumento metodológico privilegiado a história oral a proposta é identificar nas trajetórias, experiências, sentimentos e memória dos sujeitos as disputas e hierarquias e, também, as práticas cotidianas de gestão e utilização dos recursos naturais em seus lotes. Nesse sentido o objetivo é demonstrar as possíveis assimetrias entre os discursos oficiais das instituições governamentais e dos movimentos sociais e as práticas cotidianas. Para tanto será realizado um estudo de caso comparativo dentro do assentamento Reunidas, o maior do estado de São Paulo, pesquisando duas Agrovilas: Birigui e Campinas que estão próximas a recursos naturais, a primeira da água do reservatório da usina hidrelétrica de Promissão e a segunda por ter grande parte dos lotes fazendo divisa com a reserva ambiental do assentamento.

Financiamento: FAPESP – Doutorado

  • Entre trajetórias de vida e de classe: um estudo sobre rearranjos territoriais e identitários na implantação da Usina Hidrelétrica de Jaguara (2014 –2016)

Responsável: Jéssica Pires Cardoso

Resumo: O presente trabalho visa refletir sobre a trajetória social das famílias atingidas pela construção da Usina Hidrelétrica de Jaguara, localizada e construída entre os municípios de Rifaina/SP e Sacramento/MG na década de 1960. Período marcado por um projeto político autoritário que ansiava progresso e modernização da sociedade pela inserção plena do cálculo capitalista no mundo rural. Em vista disso, as mudanças advindas pelos anseios desta política dão-se em diversos patamares, não apenas socioeconômico ou ambiental em que o uso e ocupação do solo transformam-se abruptamente, mas também as famílias são expostas ao deslocamento compulsório que rompe e transforma vínculos culturais, hábitos, valores e rotinas sociais, isto é, mudanças de diversas ordens. Contudo, as mudanças e transformações que a instalação da hidrelétrica causa no território não são experienciadas apenas como perdas mas também ganhos e oportunidades que serão compreendidas quando observadas as experiências dos “atingidos” e a relação dos agentes com a terra, seja como espaço de trabalho, moradia e referenciais identitários. Basicamente, o trabalho de rememorar o passado expôs as motivações e justificativas dos agentes que compreendem a instalação da hidrelétrica e o deslocamento compulsório como positivo ou negativo. Para ter acesso às experiências e trajetórias de vida, o instrumento metodológico utilizado foi a história oral por meio da entrevista qualitativa semi-estruturada, integrada à pesquisa bibliográfica e análises documentais.

Financiamento: CAPES- Mestrado

  • Ceifando a cana… Tecendo a vida. Um estudo sobre o pós/trabalho nos canavias (2014-2018)

Responsável: Tainá Reis

Resumo: O objetivo desta pesquisa foi compreender o pós/trabalho dos ex-cortadores de cana adoecidos, isto é, a nova trama de sociabilidade em que se emaranham. Para tanto, foi delineada uma metodologia de base qualitativa, com observação direta e assistemática, entrevistas de roteiro semiestruturado, fotodocumentação e registro em diário de campo. Os cortadores de cana são, em maioria, migrantes; muitos, depois de adoecidos, retornam à cidade natal. Por isso, o campo empírico dessa pesquisa é um local de origem desses sujeitos, o município de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha/MG, lugar que contou com intenso fluxo migratório para os canaviais paulistas. Foram buscados além de cortadores de cana adoecidos, seus familiares e profissionais que atuam no atendimento desse público – médicos, assistentes sociais e psicólogos dos serviços de Assistência e Previdência Social e do SUS. O corte de cana é um trabalho desgastante física e emocionalmente, o que pode levar os trabalhadores ao adoecimento. São descartados pela agroindústria sucroalcooleira, pois seus corpos e mentes não aguentam mais o trabalho. Adoecem a tal ponto que perdem a capacidade laboral. Se, de acordo com a interpretação marxiana, o trabalho organiza a sociabilidade dos sujeitos, sua expressão capitalista – a venda da força de trabalho -, estabelece relações estranhadas, ainda mais numa situação de superexploração. O que, então, o adoecimento produz? Adoecido, o sujeito não tem mais a força de trabalho para trocar, mas permanece imerso em relações estranhadas. No pós/trabalho o estranhamento se aprofunda, pois as relações coisificadas permanecem, os trabalhadores entendem-se como mercadoria descartada. O descarte gera um sentimento de vergonha compartilhado entre os sujeitos. O cortador de cana adoecido busca no Estado os meios de garantir sua reprodução. As instituições do Estado cumprem o papel regulador na biopolítica, expressam o fazer viver e o deixar morrer. Os descartados da cana não se enquadram mais na norma do trabalho, isto é, não podem cumprir a função para qual foram docilizados: a de força de trabalho. Estabelecem uma nova sociabilidade com assistentes sociais, médicos e psicólogos dos órgãos da previdência e assistência social. Todo o funcionamento do Estado leva a crer que os descartados da cana passam a ser deixados a morrer – não só morte física, mas social -, não são mais vidas a ser geridas e controladas. A família é impactada nesse processo, não só pela perda de uma importante renda no orçamento, mas por repercutir sobre ela os resultados do estranhamento aprofundado. As mulheres – esposas e mães – tornam-se encarregadas pelo cuidado com esses homens adoecidos, lidando com as dificuldades que esse papel carrega. Numa sociedade patriarcal, à mulher é atribuído o cuidado, o que no caso das esposas e mães dos cortadores de cana é intensificado, na medida em que devem cuidar também desse adoecido. Aos homens, por outro lado, é atribuída a masculinidade, virilidade e força, naturalização que se fratura com o adoecimento. As relações de gênero se reorganizam, mas não com a inversão dos polos de poder. Os sujeitos não vivenciam passivamente nenhum desses processos, produzindo diferentes estratégias de resistência, linhas de escape às imposições apresentadas. O cortador de cana – migrante expropriado, força de trabalho superexplorada, ser genérico cindido – estabelece novas relações de sociabilidade no pós/trabalho por adoecimento. Desse modo, podemos afirmar que a sociabilidade capitalista se estende para fora do espaço-tempo de trabalho. Para a Sociologia do Trabalho, especificamente aos que debatem trabalho rural, é possível, a partir da presente reflexão, alargar o campo de estudos. O fim das relações de trabalho constitui, como visto no caso dos cortadores de cana descartados, uma outra sociabilidade vinculada exatamente ao espaço-tempo de trabalho, inaugura-se o pós/trabalho, tema não diferente, mas pertencente à Sociologia do Trabalho.

Financimento: CNPq

  • O fetiche da mercadoria “verde”: O agrário e o ambiental na construção social do etanol (2013 – 2017)

Responsável: Mariana Bombo Perozzi Gameiro

Resumo: Este projeto visa interpretar a construção social do etanol brasileiro a partir de 2003, por meio da investigação dos discursos que concorrem pela conformação de regimes de verdade acerca de tal mercadoria. O período é marcado pelo (re)nascimento fetichizado do etanol no mercado nacional sob o apelo de “produto sustentável”, aparentemente desejado pela sociedade, demandante de fontes renováveis de energia que possam substituir os combustíveis fósseis poluidores e em vias de esgotamento. Em contraposição a esses discursos encontram-se aqueles que apontam que o etanol derivado da cana-de-açúcar carrega em si relações sociais historicamente marcadas por degradantes condições de trabalho, pela concentração de terras e poder, pela depreciação de recursos naturais e pela competição com a produção de alimentos. Neste contexto, diversos esforços foram (e continuam sendo) empreendidos por governos e pela indústria sucroalcooleira para contornar as contradições nas quais o etanol está envolvido, de modo a transformá-lo numa commodity aceita internacionalmente. Ao entender o mercado como resultado de disputas políticas, culturais e axiológicas que perpassam a esfera econômica, e buscar as representações que atores politicamente interessados constroem sobre o etanol brasileiro, esta proposta de pesquisa dialoga analiticamente com a sociologia rural e a sociologia ambiental, mantendo forte interface com o campo da sociologia econômica. Metodologicamente serão empregados procedimentos qualitativos de pesquisa social, com destaque às técnicas de entrevista semiestruturada e à análise documental.

Financiamento: CAPES– Doutorado.

  • Entre a cana e Suape: um estudo sobre os cortadores de cana e seus deslocamentos rumo ao Complexo Industrial Portuário de Suape – PE (2013- 2016)
Responsável: Jeanne Mariel de Moura
Resumo: O presente projeto tem por objetivo analisar as mudanças que tem ocorrido na vida dos trabalhadores rurais de cana-de-açúcar da Zona da Mata Sul de Pernambuco face a chegada do Complexo Portuário Industrial de Suape na região. Nessa nova conjuntura a monocultura da cana-de-açúcar perde espaço e novas relações de trabalho emergem no meio rural da Zona da Mata Sul. Seu contingente humano que historicamente se constituiu reserva de mão de obra para os canaviais da região e de outros estados do país passa agora a ter em Suape outra forma de emprego, o emprego industrial. A fim de compreender essa passagem do meio rural para a indústria e os desdobramentos que permeiam essa nova conjuntura, a pesquisa comporta um grupo de objetivos que buscam: caracterizar quem são estes trabalhadores; compreender como ocorre a inserção deles no Complexo de Suape; mostrar os possíveis conflitos existentes entre os trabalhadores rurais e a gerência do Porto de Suape; identificar as transformações no projeto de vida dos trabalhadores rurais face à inserção no porto e revelar como eles percebem as mudanças que estão vivenciando. Como recurso metodológico será utilizado a pesquisa documental, o levantamento bibliográfico e a pesquisa de campo que comportará a metodologia da história oral, juntamente com a realização entrevistas semiestruturadas junto aos trabalhadores rurais inseridos no Porto.
  • “Natureza em construção: racionalidades e discursos sobre a Represa do Lobo/Broa” (2014 – 2016)

Responsável: Raiza Campregher

Resumo: A emergência da moderna questão ambiental, a partir da década de 1960, representou mudanças significativas na maneira com que as sociedades percebem o meio ambiente, em especial através das suas representações sociais. Nesse sentido, o presente trabalho compreende as questões ambientais como construções sociais que dependem da atuação de agentes sociais específicos, dentre os quais a ciência tem papel fundamental. As representações sociais do meio ambiente, por sua vez, são também fruto de diferentes interações com o espaço. Assim, o projeto em tela pretende interpretar as representações sociais atribuídas a Represa do Lobo/Broa por diferentes grupos sociais, dentre eles: os cientistas, os moradores, os turistas e os empreendedores do turismo, e o poder público. Considerando que tais representações são produtos históricos, o projeto também propõe entender as transformações dessas representações ao longo do tempo, além de compreender como tais representações se formam e são hierarquizadas no contexto das práticas sociais. Para a realização da pesquisa serão utilizados métodos qualitativos de pesquisa social, dentre eles pesquisa bibliográfica e documental e entrevistas semiestruturadas.

Financiamento: FAPESP – Mestrado

  • O modo de vida e o processo de transumância do ribeirinho urbano diante das cheias e vazantes na Amazônia (2010-2015)

Responsável: José Augusto Carvalho de Araújo

Resumo: O processo de ocupação da Amazônia e as consequências do desordenamento do espaço social na região têm afetado o modo de vida das populações locais, considerando que os ribeirinhos urbanos constroem as suas vidas citadinas, suas memórias, experiências, habitus e vivências baseados mais nas suas tradições, cultuando uma relação mais próxima com os rios, indo de encontro aos interesses do grande capital.  Os grupos sociais em estudo foram estudados também através do processo de transumância, pela dinâmica da população residente na Marabá pioneira (velha marabá) ao se transferirem para os bairros mais altos todos os anos.  Este tipo de migração interna acontece há pelo menos meio século todos os anos, nos períodos das cheias. Neste sentido, os ribeirinhos se deslocam para as área mais altas, a exemplo da Cidade Nova e da Nova Marabá ou para os abrigos temporários construídos pelos próprios moradores ou pela Defesa Civil. Foi constatado que um dos principais problemas diz respeito a uma nova força de trabalho urbano de ribeirinhos que moram nas cidades e que vivem as constantes cheias e vazantes na região, que tem causado impactos nas transformações produtivas sobre a dinâmica da população, e de segmentos específicos no espaço urbano. Da mesma forma, não podemos desconsiderar a criação de bolsões de pobreza de mulheres, crianças, migrantes e favelados nas periferias urbanas, associado a um capitalismo periférico que tem gerado a marginalização social de parte desta população.

  • Política e sociedade no complexo agroindustrial sucroalcooleiro: estudo sobre as motivações não econômicas do corte da cana no Noroeste paulista(2012-2014)

Responsável: Ana Carina Sabadin

Resumo: A existência simultânea do uso do trabalho volante do cortador de cana-de-açúcar e da produção mecanizada pode ser observada no contexto das novas ruralidades. Mesmo após quase quarenta anos na tentativa de aumentar os investimentos na modernização, a partir do desenvolvimento de melhores tecnologias, como o surgimento de máquinas mais eficientes, é visível a persistência do trabalho volante no cenário do rural contemporâneo. Sendo assim, a pesquisa perseguirá a hipótese de que as determinações econômicas não são exclusivas na definição das estratégias de emprego do trabalho para o corte da cana e, portanto, procurar-se-á identificar e interpretar as motivações não econômicas da coexistência das colheitas manual e mecanizada na produção, voltando-se, fundamentalmente, às dimensões políticas, sociais e culturais que norteiam as estratégicas econômicas do setor. Por ser uma região de expansão do setor sucroalcooleiro, a região do Noroeste Paulista foi a escolhida para a realização da pesquisa.

Financiamento: CNPq – Iniciação Científica

  • Encontros e desencontros na coexistência geracional nos assentamentos de reforma agrária: o caso da agrovila Campinas no assentamento Reunidas, Promissão – SP (2012-2014)

Responsável: Alexsandro Elias Arbarotti

Resumo: Esta pesquisa é um estudo de caso, na agrovila Campinas no município de Promissão – SP, que se propõe a investigar o modo como se dá o processo de sucessão geracional nos assentamentos de reforma agrária, com foco nos sujeitos da segunda geração que permanecem no projeto de assentamento. Observar as estratégias e os arranjos para a viabilização dessa permanência, buscando compreender as negociações com os membros da primeira geração, as motivações e o modo como ela se dá efetivamente no cotidiano: tensões, rupturas e continuidades. Nesta realidade social visualizar se existem relações de gênero, raça ou etnia e mudança na estrutura familiar. Este estudo tem como referência o debate contemporâneo de geração e identidade. Geração na perspectiva de um fenômeno essencialmente cultural e que não se refere a pessoas que partilham da mesma idade, mas sim da formação da subjetividade. Assim, parte-se do pressuposto de que há uma coexistência parcial entre as gerações o que permite realizar a aproximação e a relação entre geração e identidade no sentido do entrelaçamento da história individual com a social. Identidade entendida como algo não fixo, mas descentrado e em um processo continuo de remodelação e hibridização por meio das relações sociais.

Financiamento: FAPESP- Mestrado

  • A Distinção Social na Governança das Águas e do Desenvolvimento Rural (2008- 2013)

Responsável: Rodrigo Constante Martins

Resumo: A emergência de esferas descentralizadas de governança sócio-territorial vem sendo alvo de análises nos campos das sociologias rural e ambiental, além dos estudos sobre políticas públicas. Temas relativos à legitimidade têm sido recorrentemente discutidos na literatura internacional como forma de problematizar as disputas sociais correntes nestas instâncias. Buscando contribuir para este debate, este projeto pretende abordar a dimensão política da construção das verdades/diagnósticos pelos agentes partícipes destas arenas deliberativas. Mais precisamente, toma como objetivo a compreensão interpretativa das formas hegemônicas de nominação da temática ambiental no interior das instâncias de governança sócio-territorial em áreas rurais paulistas notadamente os Comitês de Bacias Hidrográficas e os Conselhos de Desenvolvimento Rural.

Financiamento: Fapesp

  • Para além do Paradoxo de Giddens: concepções de natureza e ressignificação do espaço rural (2011-2013)

Responsável: Gabriel Alarcon Madureira

Resumo: O projeto tem como objetivo realizar uma crítica do Paradoxo de Giddens a partir da própria teoria da estruturação. Este conceito emerge como explicação generalizante, universal e de frágil base empírica acerca da ausência de ações concretas no cotidiano dos indivíduos em relação ao aquecimento global, às mudanças climáticas e à crise ambiental de forma geral. A pesquisa considera que a tríade natureza, meio ambiente e preservação ambiental está no cerne de um amplo processo de ressignificação do espaço rural como lócus de construção de múltiplas identidades localizadas e territorializadas. Dessa forma, as concepções de natureza e de ethos de preservação ambiental devem ser analisadas a partir das interações entre indivíduos e grupos nos processos de classificação e de distinção sociais inerentes às práticas, representações e discursos.

Financiamento: CAPES- Mestrado

  • Trabalho, propriedade e renda fundiária: configurações contemporâneas do rural paulista (2011-2013)

Responsável: Tainá Reis

Resumo: O objetivo do presente projeto é compreender as relações atuais de arrendamento de terra para a produção canavieira nos municípios de São Manuel e de Barra Bonita – SP, atentando para as os atores envolvidos nas relações de propriedade e de trabalho; a hipótese que norteará a pesquisa é a de que há uma nova configuração entre trabalho, propriedade e renda fundiária e que tal configuração da questão agrária é, também, uma expressão das metamorfoses do espaço rural na contemporaneidade. No decorrer do século XX, observaram-se no Brasil mudanças estruturais na agricultura. As relações de produção, de propriedade e de trabalho não se configuram hoje como no começo do século passado e nas últimas três décadas se complexificaram a tal ponto que tais elementos não podem mais ser vistos de forma isolada. Atualmente o debate acadêmico que discute as transformações no espaço rural não coloca em questão as relações entre tais elementos. Se, num primeiro momento, podia-se definir quem era o proprietário da terra, o trabalhador rural e o arrendatário, atualmente, tais papéis e as relações entre tais atores se modificaram.

Financiamento: CAPES – Mestrado

Desenvolvimento, perícia e poder no rural paulista: o caso do Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas” (2010-2013)

Responsável: Mariana Bombo Perozzi Gameiro

Resumo: Esta pesquisa propõe uma discussão a respeito das redes de poder envolvidas no Programa Estadual de Microbacias Hidrográficas do Estado de São Paulo. O programa foi uma política pública parcialmente financiada pelo Banco Mundial e executada pela Secretaria de Agricultura (SAA), através da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), entre 2000 e 2008, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável do meio rural paulista, pressupondo o envolvimento dos beneficiários. O estudo busca compreender as redes de poder através da interpretação dos conflitos entre leigos e peritos, os quais emergem ao se analisar a legitimidade dos discursos sobre desenvolvimento rural, sustentabilidade e participação.

Financiamento: Fapesp – Mestrado

  • A Classificação Disciplinar no Mercado dos Enunciados Ambientais (2010 – 2012)

Responsável: Rodrigo Constante Martins

Resumo: Este projeto tem como objetivo interpretar a gênese da crença social nos instrumentos econômicos de gestão ambiental. As discussões empreendidas terão como foco a problematização da hipótese de que a consolidação da questão ambiental na agenda político-social contemporânea está intimamente relacionada com a capacidade de nominação que a teoria da utilidade marginal, como fato histórico-cultural, desenvolveu no curso do século XX. O estudo discute como o marginalismo neoclássico, somado ao saber técnico de áreas disciplinares, atuam, na descrição dos impasses e na prescrição dos temas envolvidos na gestão das águas no estado de São Paulo, contribuindo para o debate sobre as formas de experimentação e nominação que as sociedades modernas mantêm sobre seus quadros de auto-reconhecimento.

Financiamento: CNPQ

  • Hierarquias e redes sociais em Comitês de Bacias Hidrográficas (2011-2012)

Responsável: Raiza Campregher

Resumo: O objetivo do projeto é analisar o perfil da atuação política dos integrantes do Comitê de Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré, identificando as redes sociais que os situam no espaço social, bem como suas estratégias de articulação política dentro do Comitê – em especial, em suas câmaras técnicas. Para tal investigação, serão adotados procedimentos qualitativos de pesquisa social.

Financiamento: FAPESP- Iniciação Científica

  • Redes Acadêmicas na Governança das Águas (2011-2012)

Responsável: Clarissa Perci de Andrade

Resumo: Este projeto objetiva analisar o perfil da atuação política dos integrantes do Comitê de Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré, identificando as redes sociais que os situam no espaço social, bem como suas estratégias de articulação política dentro do Comitê – em especial, em suas câmaras técnicas. Para tal investigação, serão adotados procedimentos qualitativos de pesquisa social.

Financiamento: Fapesp- Iniciação Científica

  • O poder público na governança das águas: estudo sociológico sobre hierarquias e interdependências (2010-2012)

Responsável: Marcio Teixeira de Lima

Resumo: Os comitês de bacias hidrográficas são instâncias descentralizadas que têm objetivo de discutir e decidir as formas como os recursos hídricos devem ser geridos em escala local. A nova forma de governança das águas compreende diversos agentes locais envolvidos no seu uso, como setores da sociedade civil e das prefeituras da região da bacia. Este tema vem sendo abordado pela sociologia ambiental e pelos estudos de políticas públicas, enfatizando principalmente os setores do Estado e da sociedade civil. Para contribuir com este debate, este projeto pretende analisar como se dá a atuação do segmento dos municípios em um comitê de bacia, tomando como estudo de caso o Comitê de Bacia Hidrográfica do Tietê-Jacaré, localizado na região central do estado de São Paulo. Busca-se compreender qual a visão que este segmento tem desta nova forma de gestão, bem como analisar através de procedimentos qualitativos as relações de poder e as interdependências entre os municípios e entre estes e os demais segmentos neste contexto regional específico.

Financiamento: Fapesp – Mestrado

  • Discursos e Posições de Classe na Governança das Águas: O Caso do Comitê Jacaré-Tietê (2009-2011)

Responsável: Rodrigo Espinoza

Resumo: A presente pesquisa tem como referência empírica o Comitê de Bacia Hidrográfica Tietê-Jacaré, e busca interpretar a disputa de interesses sobre a utilização da água na região, além de desenvolver uma discussão sobre a hegemonia do saber científico no paradigma epistemológico do ocidente e sua relação direta com a crise ambiental contemporânea.

Financiamento: Fapesp – Mestrado

  • A Construção Social do Desenvolvimento Rural Sustentável (2009-2010)

Responsável: Patricia Polastri

Resumo: A pesquisa objetivou interpretar o perfil de formação e as posições de classe dos integrantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de Ibitinga/SP, reconstruindo analiticamente as pautas políticas dominantes desta instância de governança. A revisão bibliográfica e os estudos de campo visaram a compreensão da construção dos discursos sociais e da legitimidade política.

Financiamento: Fapesp- Iniciação Científica

Territórios e Novas Arenas de Poder no Rural Paulista: um Estudo de Caso (2009-2010)

Responsável: Tainá Reis

Resumo: O projeto pretendeu verificar as formas de nominação da moderna questão ambiental em contexto de ruralidade, e as redes sociais de poder na inscrição de integrantes do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de São Manuel/SP, a fim de interpretar as pautas políticas construídas nesta arena gestora de decisões locais.

Financiamento: Fapesp – Iniciação Científica

  • Habitus e trajetória dos agentes nos Comitês de Bacias Hidrográficas (2008-2009)

Responsável: Márcio Teixeira de Lima

Resumo: Os objetivos gerais deste estudo passam pela problematização do efeito-teoria na nominação da moderna questão ambiental, desvendando as formas através das quais tal estratégia de nominação atua simultaneamente como realidade descritiva e prescritiva do moderno debate sócio-ambiental. Inserido nesta problemática, este projeto propõe a análise sobre as disputas sociais presentes na construção das pautas do Comitê de Bacia Hidrográfica Tietê Jacaré (CBH-TJ) através da reconstituição dos perfis de formação dos membros do Comitê, com destaque para a trajetória política e os rituais de instituição a que estes membros se submeteram.

Financiamento Fapesp -Iniciação Científica

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