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A conferência do Clima e o futuro da humanidade

Por Alex Arbarotti

     A cerca de um ano Viveiros de Castro e Déborah Danowski escreveram um livro interessante, e com um tom apocalíptico, sobre os problemas ambientais contemporâneos. A pergunta que os autores buscam responder, e que também é o título do livro, é inquietante para todos nós: Há mundo por vir?

     A proposta do livro é mostrar, com dados científicos e percepções de comunidades tradicionais, que o planeta está entrando em uma nova era, pautada na incerteza e em um caos temporal de um Sistema Terra totalmente diferente do conhecido. Os dados científicos afirmam, entre outras coisas, que as geleiras estão desaparecendo de forma acelerada, o que indica e comprova o processo de aquecimento global que ira interferir diretamente na maneira de viver e produzir. Os relatos dos sujeitos de comunidades tradicionais e de agricultores familiares apontam para a percepção da alteração em seus cotidianos de caça, pesca e plantio, com a aguda mudança nos hábitos dos animais, dos regimes de chuvas e do desenvolvimento das plantas.

     Essa cenário permite aos autores afirmarem que estamos vivendo um momento histórico em que “a ausência de futuro já começou”. E como diz Thom Yorke, “nós não estamos sendo alarmistas/ Isso está mesmo acontecendo, acontecendo” (música “Idioteque.”). Por isso, urge, cada dia mais, ações mitigatórias que apontem para a superação desse “karma geofísico” de finitude da existência humana na terra. Assim, diante desse momento decisivo para o clima e o futuro da humanidade, é importante focar esforços em ações mitigatórias.

     Ações que já podem ser encontradas, de modo pontual, em diversas partes do planeta. Entretanto, vale ressaltar aqui a proposta de um grandioso evento, programado para dezembro deste ano de 2015, que se propõe tocar a fundo nas ações práticas em relação ao clima no mundo. A Conferência do Clima, em Paris, pretende reunir cerca de 50 mil pessoas de mais de 95 nações com o objetivo firmar um pacto, através da ONU, para combater as transformações pelas quais passa o clima mundial. Segundo o site do instituto socioambiental o objetivo da 21ª Conferência do Clima (COP 21) é costurar um novo acordo entre os países para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, diminuindo o aquecimento global e em consequência limitar o aumento da temperatura global em 2ºC até 2100.

     Mas a despeito desse grandioso evento alguns questionamentos merecem serem feitos: depois de vários encontros e conferências, em que os resultados não foram satisfatórios, é possível esperar alguma ação significativa e alguma proposta objetiva de intervenção? Será que podemos esperar dessa conferência uma proposta que se posicione de forma crítica ao atual modelo de produção da economia capitalista, ao estilo de vida consumista e de abuso do uso dos bens naturais? Será que haverá espaço para uma proposta que coloque em xeque o atual modelo que visa somente o desenvolvimento, sem pensar na distribuição da riqueza? Fazendo uso das palavras de Eduardo Galeano, será que podemos pensar em um futuro onde o mundo seja a casa de todos e não de poucos e o inferno da maioria?

    Para acompanhar os debates e as propostas que surgirem segue link do site oficial da conferência do clima:  http://www.cop21.gouv.fr/fr