DEFESA DE DOUTORADO
Convidamos a todxs para a defesa de tese de Doutorado do aluno Alexsandro Elias Arbarotti, intitulada de “Disputas e hierarquias na construção da questão ambiental em assentamentos de reforma agrária“.
Resumo
Esta tese tem como proposta estudar as disputas e hierarquias no acesso à água em duas Agrovilas, Campinas e Birigui, do Assentamento Rural de Reforma Agrária Reunidas, localizado no município de Promissão, no estado de São Paulo. A escolha para realizar o estudo de caso nestas duas Agrovilas decorre do fato delas apresentarem diferenças em suas estruturas fundiárias em relação ao acesso à água. Água pensada como elemento chave para tratar, de forma ampla, a questão ambiental naquele território. A metodologia adotada para a pesquisa nas Agrovilas foi a de coleta de depoimentos, dentro da perspectiva da história oral. Todavia, como um dos elementos determinantes dessas disputas e hierarquias estão ligados à gestão dos recursos hídricos, que é realizada pelo Comitê de Bacia Hidrográfica Baixo-Tietê, também foi realizada uma entrevista semiestruturada com o vice-presidente do Comitê e análise dos documentos produzidos que versavam sobre gestão e cobrança hídrica. Os principais resultados da pesquisa demonstram que devido às mudanças nos regimes de chuvas, com maiores períodos de estiagem na região do Assentamento, os assentados que possuem maior acesso à água se encontram em uma posição privilegiada no que tange à possibilidade de traçar estratégias de produção. As disputas e hierarquias resultantes desse arranjo fundiário acabaram por se traduzirem em embates discursivos dentro do Assentamento, entre os que possuem e os que não possuem maior acesso à água. Esta escassez hídrica acentuou-se nos anos de 2013/2014, devido a um grande período de estiagem no estado de São Paulo. Esse fato levantou um boato sobre a possibilidade de cobrança pelo uso da água. Entretanto, os assentados não possuíam informações suficientes sobre como e qual instituição realizaria tal cobrança. Com isso, nota-se que o Comitê é uma instituição ignorada pelos assentados. Mas, a despeito de não conhecerem o Comitê, os assentados se colocam contra o modelo técnico e monetarizado de regulação dos recursos hídricos. Assim, é possível perceber o conflito de duas territorialidades, a do Comitê, com uma visão técnica e monetária, e a dos assentados, com uma visão contraria à monetarização e à regulação externa de um bem que os assentados julgam ser livre para ser acessado. Destas disputas e hierarquias ocorridas entre os assentados e dos assentados com o Comitê de Bacias é possível visualizar a necessidade de se pensar um modelo de gestão que esteja mais aberto a receber as demandas e reconhecer os saberes dos mais distintos grupos sociais que lidam historicamente com a água.
Horário: às 14h
Local: Auditório do Departamento de Sociologia da UFSCar (Área Sul)
Banca examinadora:
Prof. Dr. Rodrigo Constante Martins – UFSCar (Orientador e Presidente);
Profª. Dra. Ana Paula Fracalanza – USP (Membro Titular);
Profª. Dra. Cimone Rozendo de Souza – UFRN (Membro Titular);
Profª Dra. Mirian Cláudia Lourenção Simonetti – UNESP (Membro Titular);
Profª Dra. Rosemeire Aparecida Scopinho – UFSCar (Membro Titular).