Blog

Sociologias publica dossiê sobre Ciências Sociais e a Questão Ambiental

Por Mariana Bombo Perozzi Gameiro

A edição mais recente da revista Sociologias (volume 16, número 35, de janeiro-abril 2014) traz um dossiê sobre “Ciências Sociais e a Questão Ambiental”.

Na apresentação do dossiê, Jalcione Almeida e Adriano Premebida traçam um panorama histórico e discutem as explorações ontológicas e abordagens teóricas da “questão ambiental” nas Ciências Sociais, situando as principais correntes, temas e possibilidades investigativas que fundamentam o ambiente como um todo, como entidade em si.

O artigo que vem na sequência tem o objetivo de contextualizar a concepção de ambiente como domínio de análise sociológica e situar os conflitos ambientais como um de seus importantes desdobramentos. Para tanto, Lorena Cândido Fleury, Jalcione Almeida e Adriano Premebida apresentam uma revisão de autores e seus distintos enfoques em sociologia ambiental, discutindo ainda as particularidades deste debate no Brasil.

Henri Acselrad, por sua vez, discute as condições em que o campo de forças em que se instaura o conflito político-cognitivo em torno dos chamados impactos ambientais habilita-se a garantir a autonomia da produção científica. Para o autor, o debate sobre as questões ambientais incide sobre objetos complexos, em torno dos quais se desenvolvem controvérsias científicas e políticas, cujas temporalidades, no entanto, não são as mesmas. Uma incerteza, então, se produz, dado que o saber especializado não conseguiria fechar o debate, mas, sim tenderia a abri-lo para a reflexividade e não necessariamente para um acordo.

A noção de incerteza é central, também, para o artigo de Olivier Borraz, que apresenta um modelo geral que explica o surgimento, a avaliação e o tratamento das questões do risco. Segundo o autor, esse modelo salienta a natureza política e controversa do processo, focando a noção de incerteza como uma característica fundamental de qualquer questão de risco. O artigo sugere, ainda, algumas razões sociológicas de tal preocupação, que podem auxiliar na compreensão dos motivos subjacentes às controvérsias sobre o risco e seus impactos políticos.

De uma perspectiva diferente, Jean-Paul Billaud apresenta um estudo de caso extraído da aplicação das políticas agroambientais na França, onde a gestão da água é estratégica. A partir de observações empíricas, o autor aborda, então, dois problemas: de um lado, a forma particular assumida pela incorporação de diferentes públicos no que se denomina “democracia técnica”; de outro, os problemas, frequentemente subestimados pelas abordagens críticas da participação, de articulação entre os espaços de discussão gerados pelas questões ambientais e os tópicos tradicionais da vida social regulados pela democracia representativa.

José Manuel Rodríguez Victoriano e Marina Requena I Mora fecham o dossiê com mais um trabalho embasado em investigações empíricas. Primeiramente, os autores analisam as implicações teóricas da criação do conceito de “parque natural”, a que se referem como um esforço para a preservação de certas áreas num contexto de políticas neoliberais e crise ecológica. Em seguida, apresentam pesquisa realizada no parque natural ‘La Albufera de Valencia’, na Espanha, refletindo sobre os limites e possibilidades de tais espaços, a partir de representações sociais captadas mediante entrevistas abertas e grupos de discussão.

Este dossiê, assim como outros artigos que compõem a edição número 35 da Sociologias (jan.-abr. 2014), pode ser acessado aqui.